quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Texto Proibido de A. W. Tozer



Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer diante de Deus, sempre que possível, com nossa Bíblia aberta em I Coríntios 13.” (A. W. Tozer) 

Todo crente que gosta de leituras edificantes, com certeza, já se deparou com algum dos escritos de Aiden Wilson Tozer (1897 - 1963). Exemplo de ministério frutífero na pregação, no pastoreio e na produção literária, escrevendo mais de 40 livros, ele mesmo sintetizou seu ministério com a seguinte frase: “Penso que minha filosofia seja esta: tudo está errado até que Deus endireite”. E nessa urgência de que as coisas se amoldassem ao padrão estabelecido por Deus, seus escritos despertam o leitor para ver o mundo, as coisas e os acontecimentos que nos cercam, com os olhos de Deus, nos chamando para um relacionamento mais profundo com o Criador. 

Seus escritos abordam diversas áreas da vida cristã, apontando erros que crentes e igrejas de hoje preferem ignorar. Sem nenhuma formação teológica formal, não passou por seminários, mas, munido apenas pela Palavra de Deus e na dependência do Espírito Santo, se opôs ao mundo que teima em se associar com os santos e aos santos que teimam em se associar com o mundo. Por isso, Tozer ainda incomoda. 

Com muita facilidade você encontrará nos informativos de sua igreja textos que exortam o crente a ter uma vida de retidão, de serviço, de mordomia, de amor, de oração, de santidade e submissão. Tudo isso é bíblico e deve ser observado porque Deus assim o quer. Difícil é encontrar publicado nas igrejas textos que exortem a própria liderança a se comportar de forma igualmente bíblica. A razão disso está ligada à vaidade de muitos líderes e a uma autoimagem criada, ao longo dos anos, imune a críticas, por vezes construídas a custa de muitas famílias e bons servos de Cristo forçados a saírem para outros apriscos. Nos últimos dias, isso está ficando cada vez mais comum dentro de igrejas que se dizem conservadoras, fundamentalistas ou qualquer outro adjetivo que tenham atribuído a si. 

Se seus líderes têm esse perfil, segue abaixo um texto de A. W. Tozer que muito dificilmente você lerá no jornalzinho de sua igreja. Depois de lê-lo, sugiro que dobre os joelhos e ore por sua liderança. 

Que Deus tenha misericórdia desses homens, de suas igrejas e de seus rebanhos. 

Leia a Bíblia. Pense. Viva.
Fredson Andrade 



Quanto a Receber Admoestação

Uma breve e singular passagem do Livro do Eclesiastes fala de um "rei velho e insensato, que já não se deixa admoestar". 

Não é difícil entender por que um rei idoso, especialmente se fosse estulto, acharia que estava acima de toda admoestação. Depois de ter dado ordens durante anos, facilmente poderia construir uma psicologia autoconfiante que simplesmente não poderia agasalhar a noção de que deveria receber conselho de outrem. Por muito tempo a sua palavra fora lei, e, para ele, certo se tornara sinônimo da sua vontade e errado viera a significar tudo que contrariasse os seus desejos. Logo, a idéia de que houvesse alguém bastante sábio ou bas­tante bom para repreendê-lo não chegaria a entrar em sua mente. Se fosse um rei insensato, deixar-se-ia apanhar nesse tipo de rede, e se fosse um rei velho, daria à rede tempo suficiente para o prender tão fortemente que ele não poderia rompê-la, e tempo suficiente para acostumar-se tanto a ela que não mais estaria ciente da sua existência. 

Independentemente do processo moral pelo qual chegou à sua condição empedernida, o sino já dobrara para ele. Em todas as par­ticularidades era um homem perdido. Seu ressequido e velho corpo ainda podia aguentar-se para provê-lo de um túmulo móvel para abrigar uma alma já morta. A esperança partira, havia muito tempo. Deus o deixara entregue ao seu próprio convencimento fatal. E logo morreria fisicamente, também, e morreria como morre um tolo. 

Um estado de ânimo que rejeita a admoestação caracterizou Is­rael em vários períodos da sua história, e estes períodos foram seguidos invariavelmente pelo julgamento. Quando Cristo veio para os judeus, achou-os transbordantes daquela arrogante autoconfiança que não se dispõe a aceitar repreensão. "Somos somente de Abraão", disseram friamente quando Ele lhes falou dos pecados deles e da sua necessidade de salvação. As pessoas comuns O ouviam e se ar­rependiam, mas os sacerdotes tinham mantido o domínio tempo de­mais para se disporem a renunciar à sua posição privilegiada. Como o velho rei, tinham-se acostumado a estar certos o tempo todo. Repreende-los era insultá-los. Estavam acima da censura. 

As igrejas e as organizações cristãs têm mostrado uma tendên­cia para cair no mesmo erro que destruiu Israel: incapacidade para receber admoestação. Depois de um período de crescimento e de labor vitorioso vem a mortal psicologia da autogratulação. O próprio sucesso torna-se a causa do fracasso posterior. Os líderes passam a aceitar-se como os escolhidos de Deus. São objetos especiais do favor divino; o sucesso deles é prova suficiente de que é assim. Portanto, eles têm que estar certos, e quem quer que tente chamá-los a contas é imediatamente proscrito como um intrometido desauto­rizado que devia se vergonha de ousar censurar os que são melhores do que ele. 

Se alguém imagina que estamos meramente jogando com as pa­lavras, que aborde ao acaso algum líder religioso e chame a atenção dele para as fraquezas e pecados presentes em sua organização. Com toda a certeza, o tal topará com bruscas negativas e, se se atrever a persistir, será confrontado com relatórios e estatísticas para provar que está absolutamente errado e completamente fora de ordem. "So­mos a semente de Abraão" será a carga da defesa. E quem ousaria achar falta na semente de Abraão? 

Os que já entraram no estado em que não podem mais receber admoestação, não é provável que tirem proveito desta advertência. Depois que um homem caiu no precipício não há muito que você possa fazer por ele; mas podemos colocar sinais ao longo do caminho para impedir que o próprio viajante caia. Eis alguns: 

1. Não defenda a sua igreja ou a sua organização contra a crítica. Se a crítica é falsa, não pode causar dano. Se é verdadeira, você tem que ouvi-la e fazer alguma coisa a respeito dela. 

2. Preocupe-se, não com o que você tem realizado, mas com o que poderia ter realizado se seguisse o Senhor completamente. É melhor dizer (e sentir): "Somos servos inúteis, porque fizemos ape­nas o que devíamos fazer." 

3. Quando censurado, não preste atenção na fonte. Não inda­gue se é um amigo ou um inimigo que o repreende. Frequentemente um inimigo é-lhe de maior valia do que um amigo, porque aquele não é influenciado pela simpatia. 

4. Mantenha o coração aberto para a correção dada pelo Se­nhor e esteja preparado para receber dEle o castigo, sem se preocupar com quem segura o açoite. Os grandes santos aprenderam todos a levar surra com classe — e esta pode ser uma razão por que foram grandes santos. 


Tozer, A. W. O Melhor de A. W. Tozer. Seleção predileta dos livros de um profeta de hoje. Vol. 7 – Série A.W. Tozer, 1ª edição. 1984. Ed. Mundo Cristão, p.107.


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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Problemas técnicos



Caros leitores, devido a problemas de configuração, o site estava temporariamente inabilitado para aceitar comentários dos leitores.

Corrigido o problema, peço desculpas e, também, que enviem suas opiniões, críticas e sugestões.

Forte abraço. 
Em Cristo.

Fredson Andrade

sábado, 24 de novembro de 2012

Para os que ainda não "mataram" o Facebook



No domingo, 11 de novembro, ouvi uma mensagem em que o pastor, em determinado ponto, alertou para os riscos e futilidades das redes sociais. Para ele, o facebook não traz benefício algum. É uma rede de fofocas onde as pessoas passam o tempo todo bisbilhotando a vida de outras pessoas. Além disso, divulgam as suas próprias intimidades, postando fatos e fotos do seu dia a dia, a espera que outros façam o mesmo. Falou também sobre o desperdício de tempo, pois os jovens passam horas intermináveis logados e curtindo baboseiras e imagens sem graça, ao invés de estarem servindo a Deus. Lá pelas tantas, lançou um desafio para os membros: mostrasse uma conversão, uma benção através do facebook, que ele mostraria dezenas de maldições e desmantelos que o face causou em pessoas e famílias. Concordo com ele em gênero, número, mas não em grau.

Na década de 1950, quando o empresário Assis Chateaubriand desembarcou no Brasil com os 200 primeiros aparelhos de TV, e numa jogada de marketing, os espalhou pela cidade, aquilo causou um rebuliço. Ninguém queria fazer mais nada, a não ser ficar em frente de um desses aparelhos contemplando pontos pretos e brancos formando imagens disformes. Onde estava um aparelho de TV, ali estavam as pessoas reunidas com seus afazeres por fazer. Pouco tempo depois, a TV se populariza e entrou de vez nas casas. Aí o bicho pegou. 

Quem nunca ouviu ou soube de alguma mensagem onde se apregoava a quebra de aparelhos de TV a pau. Pessoas passavam um ano inteiro juntando o que sobrava para adquirir um pouco de entretenimento (na verdade não era sobra, mas sacrifício onde se deixa de comprar umas coisas para ter outra – sobra de dinheiro... só pra rico). No dia seguinte, chega um pastor novo na cidade com uma mensagem de que TV é coisa do diabo e pau na TV. O trágico é que pastores do mesmo naipe, hoje, têm um discurso parecido, só que transmitido por aparelhos de TV e suas emissoras, que os membros de suas igrejas ajudam a pagar.

Há um jargão tão velho quanto útil: “a TV tem um botão – liga/desliga”. E isso resume tudo. O que se passa em teus pensamentos entre o ato que te impulsionou a ligar uma TV ou acessar a internet e o ato que te levará a desliga-los é o que importa. Como diz Paulo em 1 Co 10:31 “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”, e em outra parte diz “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Coríntios 10:23), “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Coríntios 6:12).

Se o que você vê e faz na internet ou no seu site de relacionamentos glorificam a Deus, não vejo óbice para continuar o que está fazendo. Agora, se não, pare imediatamente. Uma maneira de descobrir isso é, primeiramente, pedindo a Deus para ajudar-lhe a sondar seu coração. Davi o fez e registrou esse pedido no belíssimo Salmo 139: “SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos." (Salmos 139:1-3) e no versículo 23 “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos.”

Se mesmo assim você tiver com dúvidas, permita que seus pais vejam o que você faz na internet e posta no facebook. Ousaria mais, dê seu login e senha para que eles tenham amplo acesso. Estranhos são os jovens de hoje... reivindicam privacidade aos pais, enquanto postam suas intimidades para os “amigos”. 

Se faltaram argumentos pra sair do Facebook:


Se a vontade de permanecer for maior ainda:


Terminando. Pra ser benção no ambiente virtual, necessário antes ser benção no mundo real. Não adianta perguntar se os crentes de hoje utilizam o facebook como instrumento de evangelização, quando na verdade não dão a mínima para o perdido que está sentado ao seu lado, e menos ainda para um irmão em Cristo que precisa de um pouco de atenção. Sei que sua igreja tem um site. Pergunte ao seu pastor quando foi a última conversão! Mas esse é um assunto para um outro post. Quem sabe...

Leia a Bíblia. Pense. Viva. 

Fredson Andrade


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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Acríticos conformados: uma forte tendência na Igreja brasileira

Esse era um texto que gostaria de ter escrito. O bom é que outros pensam igual a mim.
Leia e pense... Que tipo de crente você é? Em que tipo de igreja você está?


















Por Ruy Marinho

Um perigoso bloqueio intelectual está sendo inserido na mente dos cristãos da igreja brasileira. Trata-se de uma onda de conformismo acrítico, ou seja, a aceitação cômoda de não criticar as palavras e atitudes das pessoas no ambiente eclesiástico, impossibilitando o crente de provar pensamentos e atitudes de maneira biblicamente racional.

O apóstolo Paulo adverte que a nossa fé não deve ser irracional: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vossoculto racional” (Rm 12:1, negrito meu).[1] Excluindo o senso racional, o cristão ficará intelectualmente enfraquecido e mais propício a aceitar os enganos dos falsos profetas que Cristo nos alertou: “levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” (Mt 24:11).Em primeira análise, percebemos que este bloqueio intelectual é resultante dos famosos terrorismos espirituais, causados por clichês como “não toqueis nos ungidos de Deus” e “não devemos julgar”, que infelizmente são ensinados e defendidos por muitos líderes. Porém, é importante salientar que na verdade trata-se de conceitos teológicos errôneos, dos quais tem como objetivo impossibilitar a pessoa de desenvolver suas faculdades mentais de raciocínio lógico, facilitando o falso líder a ter um controle manipulável dos membros de sua respectiva comunidade.

Aqueles que são resignados a esta condição acrítica, acomodam-se na posição irracional de “crente manipulado”, bloqueando qualquer ação iniciativa e inibindo o desejo de evoluir teologicamente. Ou seja, o crente estará sujeito à restrição de qualquer questão doutrinária e/ou moral, aprisionando sua mente ao ponto de não conseguir discernir mais o certo do errado. Neste caso, as verdades absolutas estão enganosamente contidas nas palavras de seus respectivos líderes e não na bíblia. Com isso, não há entendimento bíblico correto dos textos sagrados, fazendo com que nos ambientes eclesiais os falsos conceitos ensinados sejam tidos como verdades espirituais absolutas e inquestionáveis.

Para as pessoas nessas condições, uma exortação vinda de alguém sobre o perigo eminente decorrente de algum erro teológico, praticamente não possui efeito, pois a comodidade e a cegueira espiritual é um impedimento para tais pessoas crescerem e se aprofundarem nas verdades bíblicas, bem como desenvolver a verdadeira fé cristã com discernimento e senso crítico. Afinal, a mentira dita várias vezes pelo falso líder torna-se verdade absoluta e a ideia apócrifa do “ungido de Deus incriticável” é facilmente implantada.

Na verdade, seguir este conceito é um tremendo engano, pois a Bíblia mostra exatamente o contrário! Um exemplo claro está em Atos 17:11, onde narra que os crentes de Beréia eram pessoas nobres, porque conferiram nas Escrituras o que ouviram de Paulo, para ver se, de fato, era verdade. Caro leitor, seja sincero! Você tem o costume de conferir na Bíblia tudo o que ouve e vê? Se a resposta for não, você pode estar vivendo algo parecido com o que descrevi acima.

Neste caso, é necessário uma atitude urgente, voltando-se para a Bíblia antes que seja tarde, pois se a mesma é a nossa única regra de fé e conduta, devemos tê-la como bússola para todas as nossas atitudes. Caso contrário, estaremos inconscientemente negando a Bíblia e depositando a nossa esperança em homens. O primeiro passo é desmistificar os dois pontos principais que causam o comodismo acrítico, citados no começo desse artigo.

1 – Não toqueis nos ungidos de Deus!

As passagens bíblicas utilizadas para defender que não devemos “tocar nos ungidos de Deus” são 1Sm 24:6 “E disse [Davi] aos seus homens: o Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor. Dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.” e Sl 105:15 “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”.

Baseado nesses dois versículos, muitos líderes tendenciosos criaram uma classe especial de crentes que, segundo eles, seriam absolutamente incriticáveis ou inquestionáveis, como se fossem mediadores exclusivos entre o homem e Deus. Isso é um tremendo engano, pois o nosso único mediador é Jesus Cristo (1Tm 2:5).

Biblicamente, ungir significa “derramar óleo sobre”. Na cultura judaica antiga, era a forma de oficializar um ofício de sacerdote, ou de reis, para credenciá-los a serem mediadores entre Deus e a humanidade. Por esta razão, Jesus é chamado de Cristo ou Messias, palavras que significam “ungido”.

Em 1Sm 24:6, Davi está falando exclusivamente de Saul, que era ungido como rei. Em Sl 105:15, o salmista fala dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Em ambos os casos, o sentido de “tocar”, segundo o contexto, significa utilizar de violência física, maltratar, estender a mão contra. Em momento algum estas passagens são direcionadas contra questionamentos e/ou críticas. Se fosse assim, invalidaria a repreensão do profeta Natan a Davi (2 Sm 12:1-15), a crítica e repreensão de Paulo para com Pedro em seu erro doutrinário (Gl. 2:11-16) e até mesmo o próprio Jesus em várias críticas e repreensões que o mesmo fez aos fariseus (Mateus 23:23 e Lucas 11:23).

No Novo Testamento, o termo “unção” (grego=chrisma) aparece apenas três vezes, dentro de uma mesma passagem, 1 Jo 2:20 e 27, na qual afirma que todos nós recebemos e temos conhecimento da “unção que vem do Santo“, ou seja, todos nós somos capacitados pelo Espírito Santo (2Co 1:21-22). Em comparação, a palavra “ungido” (grego=Christos) é direcionada exclusivamente para Cristo, nunca para os líderes da igreja, nem mesmo aos apóstolos.[2]

Portanto, não existe qualquer possibilidade exegética que dê margem para aplicar as passagens veterotestamentárias em questão aos líderes da igreja, tornando-os incriticáveis e imunes a repreensões.

2 – Não devemos julgar!

A primeira passagem Bíblica que devemos analisar, talvez seja a mais usada para afirmar que não devemos julgar aqueles que ensinam conceitos contrários as Escrituras. Trata-se de Mateus 7:1 “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Pegando este versículo isolado, de fato, a interpretação será absoluta para “não julgar”. Porém, jamais devemos interpretar textos bíblicos de maneira isolada, retirando as passagens de seus respectivos contextos. E o contexto direto da passagem nos diz claramente que Jesus não proibiu o julgamento em si, mas um tipo de julgamento específico. Vejamos: “Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.” (Mt 7:2-5)

No versículo 1, Jesus disse aos judeus que eles não deveriam julgar. Já do versículo 2 em diante, Cristo dá a razão pela qual eles não poderiam julgar: o julgamento hipócrita! Os judeus estavam condenando os pecados dos irmãos, porém eles próprios estavam praticando as mesmas coisas (e até piores). Imagine como exemplo, uma mulher que abortou uma criança criticando um bandido que matou alguém em um assalto! Por fim, no versículo 5, Cristo diz que devemos primeiramente corrigir os nossos próprios pecados, para somente depois ajudar o nosso irmão, corrigindo-o de seu erro.

Outra passagem bastante utilizada pelos líderes manipuladores é Romanos 14:10, onde diz: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo“. Da mesma forma que Jesus, Paulo não está condenando o julgamento em si, mas sim um julgamento específico. Segundo o contexto, alguns irmãos recém convertidos eram legalistas, com isto os cristãos mais experientes estavam ficando impacientes. Paulo faz uma exortação para que os mesmos sejam mais tolerantes e não julguem os débeis (fracos) na fé, acolhendo-os com aceitação, pois com o tempo o amadurecimento viria naturalmente. Vale lembrar que, o que estava em questão não eram assuntos que comprometiam a ortodoxia cristã, mas sim pontos secundários da fé. Se fosse algo que comprometesse a fé cristã, Paulo com certeza teria outra atitude (Gl 1:6-7, 3:1-5, Fp 3:2, 18-19).

A bíblia claramente instrui os cristãos a julgar todas as coisas. Prova disto está em João 7:24: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. No contexto da passagem, Cristo está confrontando os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no acusado de ter um diabo (vs 20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem (Jo 5:1-16). A questão colocada por Jesus é o ato de julgar de maneira exterior e superficial, ou seja, sem conhecer realmente os fatos, tornando o julgamento injusto. O ato de julgar “pela reta justiça” tem como premissa a lei de Deus como padrão pelo qual discernimos as coisas, pois a bíblia é a nossa única regra de fé e prática.

1ª Coríntios 5 também é uma base bíblica importante a respeito do nosso dever de julgar. No versículo 3 Paulo declara, sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto que estava vivendo no pecado de fornicação. Seu julgamento a tal pessoa foi “seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Já nos versículos 9 a 13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, se elas estão ou não obedecendo à lei de Deus. Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da igreja, mas que são julgados como sendo desobedientes a qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impertinentes.

Outras passagens bíblicas também indicam que é de nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Paulo orou para que o amor dos crentes em Filipos “aumentasse mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção” (Fl 1:9). Ele disse aos Corintos: “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 1:15).

Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles também são obrigados a provar se os espíritos são de Deus: “Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora” (1 Jo 4:1). Mesmo nas reuniões cristãs eles devem “julgar” o que ouvem: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1 Co 14:29). Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma pessoa alicerçada na verdadeira fé ( 2Jo 10,11). Deve ser considerado como anátema (maldição) àqueles que apresentarem algum tipo diferente de evangelho (Gl 1:9).

Portanto, concluímos que biblicamente é dever de todo Cristão Julgar, fazendo juízo através de suas faculdades mentais de raciocínio. Se alguém ensinar algo em desacordo com as Escrituras – mesmo partindo do líder de sua igreja, esta pessoa deve ser confrontada com a Bíblia, obviamente com respeito e submissão. Ninguém, absolutamente, é intocável ou incriticável, pois não há respaldo bíblico para afirmar que exista um nível de “unção especial” que anule o raciocínio para o entendimento de qualquer coisa falada, ensinada e praticada. Tudo deve ser conferido na Bíblia.

Por fim, alerto que este ato de julgar não significa fazer injúrias ou calúnias, com comportamentos de sarcasmo e desprezo sobre a pessoa que está no erro, mas sim deve ser feito com linguagem sadia e irrepreensível, no âmbito teológico e moral (Tito 2:7-8, 1Pe 3:15-16). Se alguém está desviando-se do Evangelho e pregando heresias, a nossa obrigação é alertar, repreender, exortar e conduzir o pecador ao entendimento bíblico (2Tm 4:2-4). Caso a disciplina seja indispensável, a mesma deve ser aplicada com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador, algo que cabe exclusivamente a Deus.

Soli Deo Gloria!

Notas:
[1] – A tradução bíblica utilizada no artigo é a Almeida Revista e Atualizada – SBB.
[2] – Concordância Fiel do Novo Testamento Grego-Português, Vol 2. – Editora Fiel

Fonte: http://www.bereano.com.br/?p=664


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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Meu primeiro poema


Resolvi colocar meus pensamentos em versos. Para os literatos de plantão, sugestões.

O Bigode e a Honra

Meu avô falava de um tempo
em que as palavras de um homem,
inabaláveis ao vento.
Nanquim de nada servia
pois o papel não retinha
o compromisso selado num dado momento.
Bigode em fios dado em fiança
era muito mais que uma vã esperança
de ser o acordo cumprido, quitado, adimplido.
O homem honrado assim procedia
porque com o raiar do dia
mirava nos olhos de outros com os quais convivia.

Meu pai falava de um tempo
em que as palavras de um homem
titubeavam ao vento.
O papel pra tudo servia
enrolar pães e pessoas, que triste agonia
e o compromisso selado, antes sagrado, de pouco valia.
O bigode em fios se desfez
melhor mesmo tirá-lo de uma vez
do que ser chamado tapado, antiquado, quadrado.
A honra de um homem, que tenra chama
Por quê? Quem o critica não o ama?
Mira nos olhos de outro que, como ele, não clama.

Hoje, eu falo de um tempo
em que as palavras de um homem
são levadas ao vento.
Nanquim, papel, nada tem serventia
Palavras... não te dão garantia
Acordos, contratos, selados, solenes, por vezes quebrados, na ordem do dia.
Bigode e honra, nunca mais os veremos
se faltar coragem pra defender o que cremos.
Nessa batalha inglória, por esposa e filhos, tememos.
O homem de honra não está na igreja, mosteiro, clausura
Está de consciência pura
enquanto os demais, envaidecidos e cegos na própria loucura.


Fredson Andrade


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Objetivos do Blog




Não vou ser modesto quanto a isso. Este blog nasce com uma grande pretensão: colocar o povo de Deus para pensar. Talvez esse seja o motivo de um fracasso anunciado. Contudo, viso abrir espaço onde hoje não se tem, para discussão e troca de ideias sobre o que acontece no dia a dia de nossas vidas e igrejas. Irmãos conversando com irmãos, compartilhando o que pensam e comparando tudo com o que diz a Palavra de Deus. “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (Atos 17: 10 e 11).

Mensagens anônimas não serão aceitas. Este não é um espaço para ataques pessoais e nem para indelicadezas, embora reconheça que ao nos posicionarmos em relação a este ou aquele assunto, possa gerar certo desconforto para os que se julgam os donos da verdade. Para estes, deixo a oração de Jesus - “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11:25).

Fredson