domingo, 24 de fevereiro de 2013

Quem Tem Medo de Assembleia? Parte II - A Unanimidade de Acabe



























“A verdade é exercício de poder. Quando você fala a verdade acaba sendo dominado por quem a conhece e é mais forte que você" (Nestor Távora - professor de Direito Processual Penal)

Introdução

Acabe era um mau rei ou era um rei mau? Longe de ser um mero jogo de palavras, a ordem em que o substantivo e adjetivo se apresentam na frase muda tudo. Se você afirmar que era um mau rei, estará dando ênfase a aspectos do seu reinado e o que ele fez enquanto governava. Já ao afirmar que ele era um rei mau, você estará destacando a sua personalidade, uma pessoa má que chegou ao poder. Na prática, essa diferenciação perde a importância porque a falha no caráter de um homem o persegue por toda a vida e quem é mau continuará praticando maldades até o dia em que haja nele uma verdadeira transformação ou até o dia em que o seu cálice de iniquidades transborde.

Acabe foi o sétimo rei de Israel, reinando por 22 anos (874-852 a.C.). A falha no seu caráter era a ausência de temor do Senhor que, acrescida da insegurança, o fazia se sentir perseguido pelos homens de Deus de sua época. Não tolerava ser contrariado, nem redarguido, nem questionado, nem repreendido. Era um homem perigoso que agora ocupava o mais alto cargo da nação de Israel. Poder limitado somente pela honra que demonstrava não possuir. Ele se sentia sozinho por não poder contar com Deus para apoiá-lo em seus atos infames. Por isso, ele elaborou uma técnica para se cercar de pessoas tão descompromissada com Deus quanto ele: a unanimidade de Acabe.

Unanimidade na liderança

Acabe nunca foi tolo a ponto de querer montar o governo de um homem só. Ele sabia que precisaria de aliados que legitimassem seu reinado e de súditos que cumprissem fielmente suas ordens sem questionar. Para isso, ele se uniu à ímpia Jezabel, mulher profana, que instigava o marido a combater os profetas do Senhor. Em 1 Reis 16: 30-33, Deus mostra como Acabe se tornou odioso para com Ele e como essa aliança infame com Jezabel irritou o Senhor e deu causa a pecados maiores – “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um ídolo; de modo que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.”

Unidos e unânimes, Acabe e Jezabel continuaram a cometer pecados gravíssimos. Um deles foi a ordem para matar todos os profetas do Senhor. A Bíblia registra que em meio a essa chacina, Obadias conseguiu salvar apenas cem profetas, escondendo-os em cavernas (1 Reis 18:4). O profeta Elias também conseguiu sobreviver.

Um outro pecado foi a cobiça de Acabe sobre a vinha de Nabot, o jizreelita, um terreno vizinho ao seu que queria transformar em horta. Altamente frustrado e angustiado diante da recusa de Nabot em vendê-lo, Acabe fez cena digna de criança mimada diante de sua mulher Jezabel que resolveu tomar suas dores. Ela escreveu cartas em nome de Acabe ordenando a prisão de Nabot sob a acusação de blasfêmia ao Deus de Israel e por afronta ao rei. Como se não bastasse, Nabot foi condenado a morte por apedrejamento sob o depoimento de duas falsas testemunhas pagas por Jezabel. Pela lei, o terreno passou a pertencer ao rei. Veja o relato em 1 Reis 21.

APLICAÇÕES

1. Não há limites para uma liderança unânime assim

Numa igreja, pastores e diáconos devem ambos serem pratos diversos de uma mesma balança. Pastor que reconhece suas falhas morais, insistindo em continuar no ministério, deve ao menos procurar compor uma liderança com homens de Deus que possuam, dentre tantas outras qualidades, as virtudes que lhe faltam. Triste vermos diáconos comprometidos com o seu pastor mais do que com Deus. Triste vermos diáconos acomodados diante dos pecados do seu líder. Triste vermos uma liderança em pavorosa ao menor sinal de beicinho do seu pastor. Triste vermos uma liderança que trata o seu pastor com excesso de benevolência diante de seus pecados e desmandos. Esse tipo de relação entre pastor e diáconos possui as mesmas característica do relacionamento entre Acabe e Jezabel, um casamento impuro, relação profana, que desagradou e afrontou a Deus, resultando em uma série de sofrimentos para os profetas do Senhor e que fez uma nação inteira se desviar dos caminhos do Senhor.

2. Não há temor do Senhor para uma liderança unânime assim

Acabe sabia de todos os pecados de sua esposa e a apoiava. O mesmo fazia Jezabel com os pecados de Acabe. O motivo de vermos um corpo de diáconos comprometidos com seu líder é que estes diáconos talvez não tenham aptidão moral para confrontar biblicamente seu pastor, pois este sabe exatamente o que se passa na vida de cada um deles. Não têm testemunho para dar fora da igreja, suas famílias estão passando por dificuldades, problemas com a esposa, problemas com os filhos, problemas com as finanças, problemas com o sono, problemas com o pecado, problemas com Deus... Mas dentro se apresentam como exemplos para o rebanho. Essa “boa reputação” devem ao seu pastor e seu pastor deve o mesmo a eles; é uma maneira de se protegerem. Acabe blinda e proteje Jezabel e Jezabel blinda, protege e realiza os desejos de Acabe, mesmo que seja matar o inocente Nabot. O temor do Senhor foi substituído pelo temor mútuo entre os membros desse tipo de liderança. Há o perigo de um deles falar demais. Por causa disso, esse grupo tem a característica de ser um grupo fechado, coeso, de difícil relacionamento com o restante do rebanho. Observe com quem seu pastor se reúne nos cultos de oração. Observe com quem seu pastor se reúne para conversar depois de um culto a noite. Ele já confidenciou um problema pessoal com você? Ele já te pediu para orarem juntos por alguma questão específica em sua vida? Cuidado com homens assim.

Quando surge uma rara ocasião de se ter que punir um dos membros desse grupo, aparece também o problema desse se revoltar contra os demais. Por isso surge também a possibilidade de agressões mútuas, física e verbal, após um culto de adoração a Deus.

3. Uma liderança que não teme ao Senhor não respeita os Seus profetas

Pessoas comprometidas com a Palavra de Deus sempre serão um sério empecilho para uma liderança sob a unanimidade de Acabe. Enquanto Acabe e Jezabel mataram e perseguiram os profetas do Senhor, pastores e líderes expulsam de suas igrejas pessoas que insistem em fazerem as coisas da maneira de Deus. Aqueles que persistem em ficar sofrem as mais duras penas e vêem aqueles, que antes eram irmãos, se transformarem em impiedosos carrascos.

Certa vez, ouvi um sermão de um desses pastores onde ele ilustrou sua mensagem falando da fé e convicção de uma família composta de um pai, uma mãe e dois filhos pequenos. A história se passava num desses países extremamente fechados ao Evangelho, acho que era Coreia do Norte. O que eu lembro bem era que toda a família foi condenada a morte por testemunhar a verdade do evangelho e, numa tentativa de negarem o nome de Jesus, os soldados cavaram quatro buracos onde cada um foi enterrado até a altura do pescoço pelos soldados. Cada um dos soldados jogou uma pá de terra sobre as cabeças daquelas pessoas. Todos morreram, mas permaneceram firmes mesmo diante de destino tão horrendo. Essa história foi contada com pesar, com uma voz embargada e semblante de profunda comoção. Uma cena que comoveu muitos ouvintes. Confesso que eu poderia até ter me comovido também, pois a história foi muito bem contada e representada no púlpito, mas no momento fui impedido por recordações desse mesmo pastor que, utilizando a mesma pá dos soldados norte-coreanos, “enterrou vivo” diversos irmãos e naquele momento mesmo, estava com terra sob as unhas pronto para “enterrar” mais uma família.

4. Uma liderança que impõe a unanimidade de Acabe pensa que ficará sem punição


“E direis: Assim diz o rei: Colocai este homem na casa do cárcere, e sustentai-o com o pão de angústia, e com água de amargura, até que eu venha em paz.” (1 Reis 22: 26-27). 


Micaías já havia predito a derrota da coligação formada pelos reinos de Judá e de Israel para as tropas sírias. Além disso, foi dada uma descrição da situação das tropas de Israel após o conflito: “Então disse ele: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não tem pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa.” (vers. 17). Mesmo assim, o rei Acabe  acreditava que voltaria em paz; pelo menos foi isso que ele disse em sua assembleia. Mas durante a batalha, Acabe lembrou-se das palavras de Micaías e tentou dar um jeitinho para que ela não se cumprisse. Disfarçou-se de soldado e entrou na peleja. A Palavra de Deus diz no vers. 34 que: “Então um homem armou o arco, e atirou a esmo, e feriu o rei de Israel por entre as fivelas e as couraças; então ele disse ao seu carreteiro: Dá volta, e tira-me do exército, porque estou gravemente ferido”

Pastores com a personalidade de Acabe também acham que o braço do Senhor não é grande o suficiente para os alcançar. Eles verdadeiramente acreditam que estão além da repreensão e que voltarão em paz depois de pelejarem contra o Senhor. Eles pregam, exortam, ensinam, disciplinam suas ovelhas e as expulsam de sua presença, mas a Palavra do Senhor ainda está a meio caminho dos seus corações. Não adianta disfarce; não adianta jeitinho para passar mais alguns anos em seus ministérios. O mesmo fogo que aceitou o sacrifício de Elias no monte Carmelo poderia muito bem ter consumido os profetas de Baal, ou, quem sabe, saraiva com fogo e enxofre, um poderoso raio ou algum outro sinal que manifestasse a ira do Senhor sobre esses homens. Mas, em vês disso, o Senhor age através de pequenas coisas para mostrar a insignificância do homem e a grandeza de Deus. Um graveto com ponta atirada ao nada atingiu Acabe bem na falha de sua armadura e foi o suficiente para por fim ao seu reinado. Quantas falhas temos nós, pecadores. O Senhor sabe exatamente onde estão.

Unanimidade na assembleia 


O texto que tomo por base é 1 Reis 22. Nele, os reis de Judá e de Israel resolveram se unir para guerrear contra o rei da Síria. Foi quando convocaram um culto profético a fim de consultarem a vontade do Senhor. Foram contados 400 profetas de Acabe que unânimes profetizavam a uma só voz que o Senhor daria vitória a Israel. Jeosafá achou estranho aquela unanimidade e perguntou se havia algum outro profeta em Israel. Acabe disse que havia um outro profeta chamado Micaías, filho de Inlá, mas esse constantemente o aborrecia porque não falava coisas agradáveis ao rei, somente pregava contra o rei. Mesmo assim, um dos servos do rei foi buscá-lo, mas Micaías foi advertido no caminho a falar como os demais profetas. Diferente dos demais, resolveu seguir o Senhor. Mesmo agredido por Zedequias, um dos falsos profetas, Micaías predisse a vitória da Síria e a morte de Acabe. Como retribuição por fazer a vontade do Senhor e por dizer a verdade, Micaías foi mandado para a prisão e sustentado com pão de angústia e água de amargura. Contudo, a Palavra de Deus pela boca do seu profeta se cumpriu.

APLICAÇÕES:

1. A unanimidade de Acabe desperta desconfiança em verdadeiros crentes



Jeosafá estranhou o fato de 400 pessoas falarem todas a mesma coisa e de estarem sempre concordando com o rei. Jeosafá era rei de Judá, a porção dos hebreus que permaneceu fiel ao Senhor e ao verdadeiro culto no Templo. A Bíblia o descreve como uma pessoa justa e temente a Deus, pois fazia o que era reto aos olhos do Senhor (1 Reis 22:43). Foi exatamente ele quem percebeu que havia algo de errado com aquela assembleia, e ninguém mais.

Quando a unanimidade de Acabe se instala numa igreja local, somente aqueles verdadeiramente comprometidos com Jesus possuem a sensibilidade espiritual para perceberem que algo de muito errado está acontecendo. Somente eles têm a coragem suficiente para pedir ao pastor que consulte o Senhor antes de uma decisão ser tomada ao invés de pedir a opinião dos sempre unanimes profetas de Acabe.

2. Na assembleia de Acabe não se encontra nenhum profeta do Senhor

Jeosafá conclui que naquela assembleia não havia nenhum profeta do Senhor. “Disse, porém, Jeosafá: Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?” (1 Reis 22: 7). Fico a imaginar o que Jeosafá pensava de toda aquela encenação. Acabe apresentou aquelas 400 pessoas como verdadeiros profetas de Deus, mas o se via eram 400 profetas de Acabe, sempre prontos a dizerem o que agrada ao rei, sempre prontos a apregoar vitórias, sempre prontos a dizer sim. O rei desafia; os seus profetas concordam sempre. Não há questionamentos, não há nenhuma palavra de prudência, nem mesmo um “e se...?”. Profetas de Acabe e profetas do pastor, não há diferença entre eles.

3. A unanimidade de Acabe apenas tolera em suas assembleias os servos dispostos a dizerem a verdade 

Acabe foi forçado a ter Micaías, filho de Inlá, profeta do Senhor, diante de si. Foi quando Acabe teve que reconhecer que havia um outro profeta, diferente dos demais. Quando foi convocado o ajuntamento, Micaías não foi chamado a sua presença porque não agravada ao rei. Suas palavras eram duras e o confrontavam com o pecado sempre que tinha uma oportunidade. “Eu o odeio” disse o rei (1 Reis 22:8). 
Na unanimidade de Acabe, só há espaço para aqueles que o agradam. Aqueles que ousam discordar e ser francos com o rei são apenas tolerados em suas assembleias solenes, e mesmo assim, por pouco tempo.

4. A unanimidade de Acabe produz pastores dissimulados

Acabe era dissimulado. Em 1 Reis 22:15-16, Micaías, de forma proposital e em tom de desdém, deixou transparecer que não falava com sinceridade, dizendo o que o rei queria ouvir. Foi então que o rei Acabe encenou uma profunda preocupação com a vontade do Senhor, insistindo com o profeta para que ele falasse somente a verdade. Numa igreja local, a unanimidade de Acabe também produz isso em seus pastores. O púlpito é um palco e a assembleia, um espetáculo circense com atores muito bem pagos, atuando para tentar convencer os menos atentos de que estão buscando a vontade de Deus, enquando o que importa mesmo é a sua própria e exclusiva vontade. 

5. A unanimidade de Acabe cega os pastores 

Acabe levava tudo para o lado pessoal. “Então o rei de Israel disse a Jeosafá: Não te disse eu, que nunca profetizará de mim o que é bom, senão só o que é mal?” (1 Reis 22:18). 

O rei Acabe só conseguia enxergar o problema sob o seu próprio ponto de vista, nunca sob a ótica de Deus. Micaías apenas estava sendo fiel ao Senhor. O verdadeiro problema que havia era entre Acabe e Deus. 

Pastores que se utilizam da unanimidade de Acabe para impor suas vontades, sofrem do mesmo mal. Eles só conseguem enxergar que há uma conspiração se formando, ameaçando o seu ministério. O seu pequeno feudo está sob ataque de ovelhas insurgentes que se levantam para tomar-lhe o poder. Não há ninguém bom e honesto o suficiente para dizer-lhe a verdade. O verdadeiro problema que há está entre esse pastor e Deus; entre ele e o seu orgulho; entre ele e sua mania de perseguição; entre ele e o seu pecado. O pão de Gideão ronda a sua tenda - quem lê entenda (Juízes 7:12-14).

6. A unanimidade de Acabe coloca um irmão contra o outro 

“Então disse o rei de Israel: Tomai a Micaías, e tornai a levá-lo a Amom, o governador da cidade e a Joás filho do rei. E direis: Assim diz o rei: Colocai este homem na casa do cárcere, e sustentai-o com o pão de angústia, e com água de amargura, até que eu venha em paz.” (1 Reis 22:26-27). 

Acabe retirou Micaías de sua presença, ordenando a sua prisão. Mas isso não era suficiente. Era preciso fazê-lo sofrer. Então ordenou que fosse mantido no cárcere com pão de angústia e água de amargura. Amom, seu servo, pessoalmente, foi encarregado disso. 

A unanimidade de Acabe faz isso numa igreja local. Pastores dão a sentença, mas os seus membros, entorpecidos por essa falsa doutrina, são eles que fazem o papel de Amom, o serviço sujo e pesado, infligindo a punição. Quantos irmãos tiveram que sair dessas igrejas diante de situações parecidas e que, mesmo agora, depois de terem sido retirados da presença do rei, são tratados como ex-irmão, ex-crente, ex-salvo, ex-sacerdote do Senhor, ex-habitação do Espírito Santo. Pão de angústia e água de amargura, ordenou Acabe. Gentios e publicanos, ordenam os pastores hoje.

Conclusão 

Assim como o filho copia o pai que tem, a igreja tem a cara do seu pastor que a lidera. O bom exemplo de Jeosafá deveria ser seguido pelas igrejas do Senhor nesses dias que antecedem ao arrebatamento. A Palavra de Deus revela que Jeosafá, rei de Judá, “andou em todos os caminhos de seu pai Asa, não se desviou deles, fazendo o que era reto aos olhos do Senhor” (1 Reis 22:43). Mas o que vemos é Acabe e Jezabel formarem uma aliança profana a ponto de fazerem desviar o povo da correta adoração a Deus, mantendo-o na idolatria ao deus Baal. 

A unanimidade de Acabe produz uma aliança de natureza perversa, profana e promíscua formada entre pastores egocêntricos e diáconos tolerantes, que se revela em algumas igrejas descompromissadas com o viver o Evangelho. Não havia ninguém capaz de impor limites para Acabe. O resultado foi que, aos olhos do Senhor (aos olhos do Senhor, não aos olhos dos homens) Acabe foi o pior rei que Israel já teve – “Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor; porque Jezabel, sua mulher, o incitava.” (1 Reis 21:25). Da mesma forma, pastores com a personalidade de Acabe não encontram limites para si. Conseguem até a unanimidade de corações e mentes de seu seguidores, mas o Senhor os reprovou – Deus não é unânime com o pecado. São maus aos olhos do Senhor porque Jezabel, seus companheiros de ministério, os incitam. Essa aliança rechaça para longe de si aqueles dispostos a confrontar seus erros, pois a unanimidade de Acabe deve ser mantida a todo custo.

Uma igreja sob a unanimidade de Acabe não precisa da atuação direta dos demônios. Os seus problemas são bem maiores. Micaías nunca foi inimigo de Acabe, assim como Davi não o era de Saul. Em 1 Samuel 26: 18, Davi brada a Saul, seu rei: “Por que persegue o meu senhor tanto o seu servo? Que fiz eu? E que maldade se acha nas minhas mãos?”. Mas a unanimidade de Acabe é mais perversa do que a legião inteira de demônios que atormentava a Saul, pois estes espíritos malignos permitiam, ao menos, intervalos de lucidez que faziam com que Saul recobrasse a razão: “Então disse Saul: Pequei; volta, meu filho Davi, porque não tornarei a fazer-te mal; porque foi hoje preciosa a minha vida aos teus olhos; eis que procedi loucamente, e errei grandissimamente.” (1 Samuel 26:21). 

Acabe morreu em batalha através de uma flecha atirada ao léu. Jezabel morreu pouco tempo depois. Quando o Senhor por fim ao ministério de tais homens, espera-se que Jezabel caia em seguida. O triste é que os problemas que eles causaram não são enterrados com os tais. Morre o rei, mas a nação fica. Assim, também, se vão os maus pastores e líderes (ou se preferir pastores e líderes maus), mas a nódoa que deixaram permanecerá impregnada na vida das ovelhas que continuarão compondo aquela igreja. Sobre essas ovelhas, que se comportam como o carrasco Amom, infligindo pão de angústia e água de amargura aos servos do Senhor, é que me debruçarei no terceiro e último post desta série: Quem Tem Medo de Assembléia? Parte III – Como recuperar a dignidade perdida. Se o Senhor Jesus me permitir. 

Que o Senhor fique conosco e nos dê a Sua paz.


Leia a Bíblia. Pense. Viva.
Fredson Andrade